Temas em Psicologia - 2005 Volume 13 número 2
Factores de risco e factores de protecção ao desenvolvimento infantil: uma revisão da área
Joviane Marcondelli Dias Maia
Universidade Federal de São Carlos
Lucia Cavalcanti de Albuquerque Williams
Universidade Federal de São Carlos
O estudo resumido nesta ficha de leitura tem como objectivo conhecer os factores de risco e factores de protecção no desenvolvimento infantil.
Destaca-se a importância por parte do autor de que todos os profissionais que actuem na área da infância e da adolescência tenham conhecimento dos direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que está em vigor no Brasil desde 1990.
Na realização deste estudo, foi consultada na sua maioria literatura de âmbito científica, capítulos de livros, monografias, dissertações de Mestrado e Anais de Congressos. Como noção de factores de risco temos então todas as condições por meio dos estudos existenciais na criança ou no seu meio, que acarretam um risco de morbidade mental superior àquele observado na população geral por meio dos estudos epidemiológicos. Mas estes factores por si só não são suficientes para justificar a consequência de uma psicopatologia na criança.
Citando Hutz, Koller e Bandeira (1996) sinalizam mecanismos, factores ou processos protectores como influências que melhoram ou alteram a resposta dos indivíduos a ambientes hostis. São estes factores que diminuem a probabilidade do indivíduo desenvolver problemas de exteriorização (uso de drogas, ou álcool, crueldade para os animais, etc.) Após diferenciar os dois tipos de factores vamos conhecer e resumir brevemente quais os factores de risco e os factores de protecção dos autores citados neste estudo, passando em primeiro lugar aos de risco. Para Brancalhone et al. (2004), entende-se como factores de risco ao desenvolvimento infantil, todas as modalidades de violência doméstica (violência física, negligência e violência psicológica). Para alguns autores, entre os quais Barnett (1997), as consequências da vitimização física de crianças tem impacto negativo no desenvolvimento infantil, ou seja, estas crianças, segundo estudos têm uma maior probabilidade de virem a ser no futuro delinquentes e afastarem-se dos valores ideais de viver em sociedade. Para a American Academy of Pediatrics (2002), os factores de risco para que haja violência psicológica, associados aos pais, destacam-se as habilidades parentais pobres, abuso de substâncias, depressão, tentativas de suicídio, baixa auto-estima, perda de empatia, entre outros. Segundo Aiello e Buonadio (2003), outro factor de risco são os pais portadores de deficiência mental, com baixa escolaridade ou oriundos de famílias numerosas. Perante o Ministério da Saúde os factores de risco estão inerentes à família e à criança, por exemplo no que respeita à família, temos famílias baseadas numa distribuição desigual de autoridade e poder, como riscos inerentes à criança, temos como risco a separação da criança da sua mãe à nascença. Nestes factores de risco surgem três tipos de violência, violência física, violência psicológica e violência sexual.
Os factores de protecção segundo Garmezy (1985) são classificados em três categorias: atributos disposicionais da criança-actividades, autonomia, orientação social positiva, auto-estima e preferências; características da família; fontes de apoio individual ou institucional disponível. Para Bee (1995) a aquisição de normas e regras possibilita à criança um desempenho social mais adaptado e aquisição de autonomia.
A família, segundo Repold et al. (2002), além de factor de risco também pode ser considerada como factor de protecção, dependendo sempre do estilo adoptado pela mesma em relação à criança. Reforçando esta ideia temos o estudo de Kumpfer e Alvarado (2003), que para eles as práticas parentais efectivas constituem-se como o meio mais poderoso de reduzir problemas de comportamento dos adolescentes. Ainda segundo os mesmos autores, um relacionamento positivo entre pais e criança, método positivo de disciplina, monitorização e supervisão, transmissão de valores e expectativas pró-sociais e saudáveis são factores de protecção.
Também a o grau de escolaridade materna e o seu baixo nível de depressão e uma rede social fortemente estabelecida são considerados também como factores de protecção segundo Holden et al. (1998).
Em 1989, Era-Grant, Thomas, Offord e Boyle identificam como factores de protecção, o temperamento positivo, a inteligência acima da média, e a competência social. Werner (1998), aponta também como factor de protecção o vínculo afectivo com outro familiar (avós ou irmão), porque esta pessoa pode-se tornar um suporte importante nos momentos de stress promovendo, também a competência, a autonomia e a confiança da criança. A escola e os amigos também são citados como factores de protecção importantes no sentido de fornecerem suporte emocional, e o papel dos professores como modelo a seguir pelas crianças em risco. Na minha opinião estes factores são cada vez mais importantes, sendo que as crianças nos dias de hoje passam maior parte do dia na escola, em contacto com os seus colegas e amigos.
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